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O Movimento Hippie


22 de Marzo 2024

Produce: Catarina Paulino


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Foi um movimento protagonizado por gerações mais novas, propondo uma alternativa à cultura dominante nos Estados Unidos, desenvolvendo-se nas décadas de 1960 e 1970. Originou-se nos campos universitários dos Estados Unidos, propagando-se pelo Canadá, pela Inglaterra e outros países. O termo «hippie» provém de «hipster», usado para descrever os «beatniks», pessoas da década anterior que tinham uma atitude não conformista e não materialista que se mudaram para os bairros de Greenwich Village em Nova Iorque, de Haight-Ashbury em São Francisco e para a comunidade instalada na parte antiga de Chicago. A cultura Beat rejeitava os valores tradicionais, procurava uma realização espiritual, explorando as religiões indígenas Norte-Americanas e Asiáticas, experimentava drogas e defendia a liberdade sexual. Allen Ginsberg, William S. Burroughs e Jack Kerouac, são os escritores mais conhecidos da literatura Beat. Na década de 1960, ideias do movimento Beat foram incorporadas no movimento hippie. Os hippies criaram comunidades, ouviram música psicadélica, abraçaram a revolução sexual e muitos usaram também drogas como a marijuana e o LSD para explorar estados alterados de consciênciaO movimento opôs-se ao envolvimento dos Estados Unidos na guerra no Vietname, embora não se envolvesse directamente na política, como os activistas do Youth International Party, cujos membros eram comumente chamados de Yippies. Fundada a 31 de Dezembro de 1967 esta tendência foi uma ramificação revolucionária radical e de contracultura da juventude americana, defendendo a liberdade de expressão e posicionada contra a guerra. No seu conceito de «Nova Nação» reivindicavam a criação de instituições alternativas na sociedade: cooperativas de alimentos, jornais e fanzines clandestinos, clínicas gratuitas, voluntarismo de apoio, colectividades artísticas, potlatches, mercados de produtos em segunda mão, lojas gratuitas, agricultura biológica, rádios piratas, edições independentes de música sem o controle de qualidade das oficiais, televisão não comercial, ocupação de casas ou terrenos abandonados, escolas gratuitas, etc. Apreciavam o rock‘n’roll e figuras irreverentes da cultura popular, como os irmãos Marx, James Dean e o artista cómico Lenny Bruce.  

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  Os menos interventivos hippies eram em grande parte um grupo de adolescentes brancos da classe média ou de jovens de vinte e poucos anos que pertenciam à geração do baby boom. Sentiam-se alienados da sociedade, considerando-a dominada pelo materialismo e pela repressão. Desenvolveram um estilo de vida distinto, construindo um sentimento de marginalidade.

Experimentaram modos de vida comunitários ou cooperativos e, muitas vezes, adoptaram dietas vegetarianas baseadas em alimentos não processados e praticaram medicina holística. Os hippies também eram conhecidos pelo seu estilo casual muitas vezes usando cores psicadélicas, também pelo seu cabelo comprido.

Vários deixavam crescer a barba e, tanto os homens como as mulheres, usavam sandálias e contas. Os vestidos longos eram bastante populares entre as mulheres e os óculos sem armação também eram apreciados por ambos os sexos. Os hippies excluíam-se das normas convencionadas pela sociedade, renunciando a empregos e carreiras regulares. Alguns desenvolveram pequenos negócios para outros hippies.

Os hippies defendiam a não violência e o amor, sendo muito conhecida a frase «Make love, not war». Promoveram a abertura e a tolerância como alternativas às restrições e à arregimentação que admitiam existir na classe média. Os hippies frequentemente praticavam relações sexuais abertas e viviam em vários tipos de grupos familiares. Buscavam orientação espiritual em fontes externas à tradição judaico-cristã, particularmente do budismo, do hinduísmo e de outras tradições religiosas Asiáticas, por vezes combinando-as. A astrologia também era um interesse comum, sendo o período muitas vezes designado por «Era do Aquário». Consumiam drogas alucinogénias, principalmente a marijuana e o LSD, nas chamadas viagens mentais, justificando esta prática recreativa como uma forma de expandir a consciência.  

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  A música folk e rock faziam parte a cultura hippie. Cantores como Bob Dylan e Joan Baez e bandas como os Beatles, Grateful Dead, Jefferson Airplane e Rolling Stones estavam entre os mais identificados com o movimento. Mas este também impulsionou e forneceu público para uma nova geração de bandas como os Pink Floyd, The Incredible String Band, Quintessence, Tyrannosaurus Rex e The Jimi Hendrix Experience, entre muitos outros, especialmente da Costa Oeste dos EUA. Mick Jagger e John Lennon vestiram-se como hippies e deram voz às suas ideias e atitudes.

As Rádios Piratas, que começaram a transmitir em 1964, foram vitais para difundir a música e dar-lhe o seu carácter subversivo e alternativo. John Peel, e o seu programa na Rádio Londres, The Perfumed Garden, foi um árbitro do gosto musical hippie. Quando as estações piratas foram proibidas pelo governo trabalhista em 1967, a recém-criada BBC Radio 1 ajudou a continuar a sensibilidade hippie, recrutando Peel para apresentar o programa radiofónico Top Gear.

Apoiando essas transmissões estavam lojas de discos independentes como a One Stop que, mais tarde se juntou à empresa de vendas por correspondência Virgin de Richard Branson e locais como o OVNI.O musical «Hair: The American Tribal Love-Rock Musical», estreado em 1969 com texto de Gerome Ragni e James Rado e música de Galt MacDermot, celebrou o estilo de vida hippie. O filme «Easy Rider», realizado por Dennis Hopper em 1969, reflecte os valores da estética hippie. Entre os filmes associáveis ao movimento hippie podemos ainda acrescentar «Psych-Out» realizado por Richard Rush em 1968, «Yellow Submarine» realizado por George Dunning em 1968, «Alice’s Restaurant», realizado por Arthur Penn em 1969 «Woodstock» realizado por Michael Wadleigh em 1970 ou «Joe», realizado por John G. Avildsen em 1970.

O romancista Ken Kesey, autor de «One Flew Over the Cuckoo’s Nest», publicado em 1962, foi um dos mais conhecidos porta-vozes literários do movimento, mas tornou-se igualmente famoso pelo passeio num autocarro através dos Estados Unidos que fez com um grupo de seguidores chamado Merry Pranksters. Anteriormente Kesey participou em estudos financiados pela CIA envolvendo drogas alucinogénias (incluindo mescalina e LSD). Organizou depois festas chamadas Acid Tests, principalmente na área da baía de São Francisco, durante meados da década de 1960, centradas no uso e na defesa do LSD. Estes comprimidos LSD só foram ilegalizados na Califórnia a 6 de Outubro de 1966.  

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  Ken Kesey e os Merry Pranksters são lembrados principalmente pela longa viagem que fizeram em 1964 pelos Estados Unidos num autocarro escolar com pinturas psicadélicas designado por Further e pelos Acid Tests. Kesey acreditava que as drogas psicadélicas eram uma ferramenta para transformar a sociedade como um todo. Se um número considerável da população tivesse a experiência psicadélica, estas seriam veículos de mudanças sociais e políticas revolucionárias. Disponibilizavam por isso o LSD para qualquer pessoa interessada em consumir em Acid Tests ou em eventos musicais e multimédia.

As pesquisas psicadélicas com drogas do psicólogo Timothy Leary tiveram igualmente repercussões no movimento hippie. Para ele as substâncias psicadélicas – em doses adequadas, num ambiente estável e sob a orientação de psicólogos – poderiam beneficiar o comportamento de modos menos difíceis de obter pela terapia regular. Fez experiências no tratamento do alcoolismo e na reforma de criminosos e muitos dos seus pacientes disseram ter tido provações místicas e espirituais profundas que melhoraram permanentemente as suas vidas.

Segundo o livro «The Psychedelic Experience: A Manual Based on The Tibetan Book of the Dead», escrito por Leary, Ralph Metzner e Richard Alpert, «uma experiência psicadélica é uma viagem para novos domínios da consciência. O âmbito e o conteúdo da experiência são ilimitados, mas os seus traços característicos são a transcendência dos conceitos verbais, da dimensão espácio temporal e do ego ou identidade. Estas experiências de consciência alargada podem ocorrer de diferentes modos: privação sensorial, exercícios de ioga, meditação disciplinada, êxtases religiosos ou estéticos ou espontaneidade. Mais recentemente ficaram disponíveis para qualquer pessoa através da ingestão de drogas psicadélicas como o LSD, psilocibina, mescalina, dimetiltriptamina, etc. É claro que a droga não produz a experiência transcendente. Actua apenas como uma chave química – abre a mente, liberta o sistema nervoso dos seus padrões e estruturas normais».  

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  Muitos consideram Leary uma das figuras mais proeminentes da contracultura da década de 1960, permanecendo influente nalguma literatura, televisão, cinema, banda desenhada e música. Neste último exemplo, pode-se referir a banda Grateful Dead, John Lennon ou a banda britânica The Moody Blues.Entre 1957 e 1978, cerca de 100 000 jovens dos Estados Unidos e da Europa Ocidental viajaram para a Turquia, Índia, Marrocos, Irão, Afeganistão ou Nepal, buscando drogas, iluminação, aventura ou exotismo.As mobilizações públicas dos hippies, os Be-ins, consistiam em festivais de música, protestos ou simplesmente pretextos para celebrar da vida. Em 1967 ocorreu o primeiro Be-in chamado «Reunião das Tribos» em São Francisco, iniciando o Summer of Love, no qual cerca de 100 000 membros da contracultura, persuadidos pelas promessas utópicas de paz e amor, viajaram pelos Estados Unidos e convergiram para a área de Haight-Ashbury dessa cidade. Outros foram, no mesmo ano, para o Monterey International Pop Festival que durou três dias. No entanto, em São Francisco o espaço ficou sobrelotado, houve actos criminosos, pois muita gente usava o «amor livre» como desculpa para o abuso sexual e o excesso de gente tornou o ambiente insalubre.

Os festivais de música ao ar livre tiveram cerca de 300 apresentações nos Estados Unidos entre 1967 e 1971, sendo o mais conhecido o de Woodstock atraindo, durante três dias, entre cerca de 400 000 a 500 000 pessoas. Jimi Hendrix, Santana, Sly and the Family Stone, The Who, Grateful Dead, Janis Joplin, Jefferson Airplane, Creedence Clearwater Revival, Crosby, Stills, Nash & Young, The Band, Arlo Guthrie, Ravi Shankar, Joan Baez, Country Joe and the Fish e Joe Cocker foram alguns dos artistas do programa. Quatro meses depois, o Altamont Speedway Free Festival, na Califórnia foi planeado à pressa tonando-se imediatamente indisciplinado. O clube de motociclistas Hells Angles, contratados para a segurança de um festival com cerca de 300 000 visitantes, espancaram espectadores e músicos. Um membro do clube, Alan Passaro, esfaqueou fatalmente uma adolescente negra, Meredith Hunter, durante a presença dos Rolling Stones em palco. Houve ainda três mortes acidentais: duas por atropelamento e fuga e uma por afogamento num canal de irrigação causado pola ingestão de LSD.

Participaram nele Santana, Jefferson Airplane, The Flying Burrito Brothers, Crosby, Stills, Nash & Young e Rolling Stones.

Os hippies organizaram palestras, marchas e manifestações firmando a sua oposição à guerra do Vietname ou pela não ilegalização do LSD e contribuíram para o desenvolvimento do movimento ambientalista.  

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  Em meados da década de 1970, o movimento havia dispersado e, na década de 1980, os hippies deram lugar a uma nova geração de jovens que pretendiam fazer carreira nos negócios e que passaram a ser conhecidos como yuppies. No entanto, os hippies continuaram a ter influência cultural, por exemplo, em atitudes mais descontraídas em relação à sexualidade, na nova preocupação com o meio ambiente e numa diminuição generalizada das formalidades.

Desde as suas origens na década de 1960, a música sempre teve um papel fundamental na cultura hippie A música tradicional foi difundida em meados dos anos 60, graças a eventos como o Newport Folk Festival desde 1959 e artistas como Bob Dylan, Pete Seeger e Joan Baez. A música psicadélica ainda estava em sua infância naquela época.

Algumas dessas bandas incorporaram sonoridades menos comuns expandindo as percepções com instrumentos exóticos, como o sitar e as tablas indianos. Os temas geralmente tinham estruturas musicais mais disjuntivas, mudanças de tonalidade e de compasso, melodias modais e drones distinguindo-se da habitual música popular. Letras surreais, caprichosas, de inspiração esotérica ou literária são frequentemente usadas. Os músicos tentaram recriar ou reflectir a experiência de consumir LSD nas suas composições, assim como nas artes plásticas, na literatura ou no cinema.

Ravi Shankar foi um intérprete virtuoso de Sitar e figura de culto para a geração hippie que escutava um Raga por si interpretado como um acompanhamento perfeito para o consumo de marijuana ou LSD.Os Beatles, que se envolveram de um modo superficial com o misticismo indiano, ficaram fascinados pelo Sitar. George Harrison teve aulas muito breves de música clássica indiana com Ravi Shankar. Os resultados directos foram muito limitados. O tema «Norwegian Wood» provavelmente é o que se destaca. Para não ficar para trás, Brian Jones experimentou o instrumento também em «Paint It Black». A moda não durou muito tempo. As bandas influenciadas pela música e instrumentos indianos como os Quintessence fundados na cidade de Londres em 1969, ajudaram a estendê-la para um público mais abrangente. Raramente havia um lugar vazio nos concertos de Shankar nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.  

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  Ravi Shankar explicou aos seus ilustres fãs no ocidente, que um raga «é uma forma melódica científica, precisa, subtil e estética com o seu próprio movimento ascendente e descendente peculiar que consiste numa oitava completa de sete notas, ou numa série de seis ou cinco notas numa estrutura ascendente chamada Arohana ou descendente chamada Avarohana. É a diferença subtil na ordem das notas, uma omissão de uma nota dissonante, uma ênfase numa nota particular, o deslizar de uma nota para a outra... que demarcam um raga de outro».

Harrison e Jones não tiveram tempo suficiente, mas mesmo que tivessem entendido a complexidade da música clássica indiana, não deixaram rasto dela nas suas composições. Apenas um perfume vago de exotismo barato. Harrison e Shankar colaboraram posteriormente noutros projectos.  

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